BOM ANO LETIVO DE 2025-26 - BOAS VINDAS

UMA TERRA, UMA HISTÓRIA, UM LEGADO... Nesta Terra com História, terra de Vasco da Gama e de gentes ligadas ao mar, celebramoso início de uma nova etapa do nosso percurso. Aqui, neste lugar onde se ergueu outrora um castelo — símbolo de união, refúgio e proteção para tantos e tantas gerações, guardião da História e de passados — segura ainda as suas raízes, altivo e forte, defronte da imensidão do Atlântico. Evocamos a História daqueles que cresceram sobre as águas do mar, daqueles que, muitos, longe da escola, responderam ao chamamento dos búzios do mar; dos que partiram em busca de outros mundos, outro saber, e outros que não voltaram. Uma terra cosmopolita e de descobridores, que evoca o orgulho do mar, entre o sagrado e o profano; terra de acolhimento e inclusão, aberta ao mundo e à diversidade. Lugar, agora, de modernidade e de convivência entre os sons e cânticos vindos do outro lado do oceano, que tenta responder aos paradigmas socioculturais do Homem Novo. E é assim a nossa Escola: uma Escola de todos e com todos, para uma educação intercultural e humanista — um lugar de acolhimento, proteção, um porto seguro também para todos e para tantos. Lugar onde se reconstrói a História, e sempre se constrói pontes de experiência e aprendizagem entre o passado e o presente; a Escola mãe, que se estende em colo, que abraça a diversidade, a língua e a cor, que inclui e agrupa as quatro descendentes ao seu redor. Lugar onde o engenho e a arte de todos os que têm coabitado nesta casa ficam nas pontes que construímos, no colo que demos a tantos, no que aprendemos e, às vezes, na lágrima; mas sempre na procura de ser voo, ser asa e gaivota; mais gaivota, andorinha e primavera! De procurarmos chegar sempre mais perto de todos, de nos cumprirmos a nós próprios. Assim, entre reuniões, ideias, planos e melhorias, sempre procurámos corresponder juntos aos desafios: a sair de nós, à experiência e descoberta, a navegar por mares por onde, às vezes, nunca ousámos navegar, e a celebrar momentos de alegria, por pequenas que fossem as nossas vitórias. Lembrar o enorme legado da nossa escola, que muitos nos deixaram; dar continuidade às boas memórias como herança e património de experiência, de valores e humanismo; louvar os alunos de tantas gerações que se descobriram aqui, que fazem parte de nós e outros que orgulhosamente contribuem para o progresso técnico e científico do nosso país e do mundo. A nossa escola dispõe hoje de um novo paradigma de possibilidades, que nos ajuda a descobrir novos saberes, culturas e talentos, e onde todos podemos contribuir. Fazer dos nossos alunos, nas diferentes áreas e disciplinas, desde os mais pequeninos que soletram as primeiras palavras, grandes construtores do conhecimento. Às vezes, por pequenos nadas — pelo sorriso que acolhe, a alegria que contagia, a inspiração que nos leva a fazer sempre mais e melhor, pelo amor à nossa missão… estrutura, docentes, técnicos, funcionários, parcerias, encarregados de educação. De sublinhar o papel da Biblioteca Escolar, como lugar de união, que envolve, colabora, intervém e participa: um lugar de apoio, guardiã de tantas histórias, das pequenas e das grandes aventuras, dos génios maiores da ciência e da literatura — onde as histórias se cruzam em tanto, com as histórias de tantos e de muitos. Onde Camões nos canta a História de Portugal ou os amores por Dinamene; ou Torga, que desceu as serranias do norte e fez medicina em Lisboa; e a Noite de Natal de Sophia, em que muitos se sentem o Manel, o menino pobre; outros, a Joana, que atravessa o breu do pinhal e partilha com ele a sua prenda; e o Pedro Alecrim, de António Mota, que chora a morte do pai, que ajuda no campo, cava o milho, muge as vacas e é o homem da casa; e o Nobel que ouvia as histórias do avô à sombra da figueira; e o Peixoto, que exalta Galveias, a sua aldeia do Alentejo, e que chora sempre a saudade do pai; e o Eugénio de Andrade, sublime, enorme: Todo o meu corpo cresceu. Eu saí da moldura… não me esqueci de nada, mãe… Deixo-te as rosas. Boa noite, eu vou com as aves... Sim, porque todos crescemos e saímos de dentro da moldura algum dia... E nós também somos cinco, iluminamos estantes e fazemos da leitura uma luz de liberdade, de viagem e conhecimento, onde todos nos procuramos e revemos em cada autor, em cada livro, em cada história. E é assim que hoje, na terra de Vasco da Gama, onde o mar foi sempre promessa de partida e de chegada, queremos deixar, um sinal de força e de esperança nestes tempos de incerteza e de mudança. Façamos um brinde ao mar, à convivência, à colaboração, à partilha, à amizade, ao entusiasmo, ao compromisso com a nossa missão de ensino, como forma de chegar aos outros e a todos. Queremos deixar uma palavra de acolhimento aos que chegam para mais uma viagem; aos que trazem consigo a luz de outros lugares da nossa Portugalidade. Que continuemos a ser e dar o melhor, que nasceu dentro de nós: que o coração e a razão se diluam em nobreza, dedicação, paixão, valor, saber, emoção! Exemplo ao futuro e àqueles que esperam crescer junto de nós! E juntos subiremos agora a nau que nos espera, ancorada na praia. Viagem! Poderemos bolinar, seguir os astros, sim. Mas o vento há de vir! Esperamos que os búzios ecoem de longe os seus cânticos e os deuses evoquem a História, a mensagem que nos levará ao destino: "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse já não se separasse..." Ou ainda do poeta: "E ao imenso e possível Oceano, Ensinam estas Quinas que aqui vês, Que o mar com fim será grego ou romano; O mar sem fim é português..." (F. Pessoa, Mensagem) Bom ano letivo! A coordenadora das Bibliotecas Escolares Maria de Fátima Nunes